Leiam, reflitam, sonhem, viajem e comentem... Os comentários são importantes para sabermos suas opiniões.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

LÁGRIMAS DE TINTA



Os ventos levaram o aroma da pele dela
As chuvas encharcaram as suas pegadas
O tempo esqueceu sua encantadora imagem
Enfim, todas as lembranças foram apagadas

Outros ventos não trouxeram novos perfumes
Nem as chuvas marcaram idênticas passadas
O tempo se perdeu esquecendo-se de trazer
Qualquer semelhança que a fizesse superada

Até esperei que as cantigas dos pássaros
Pudessem me dizer onde ela poderia estar
Pois desde a noite nebulosa em que partiu
Ninguém a viu, soube dela ou ouviu falar

E hoje abandonado sobre os pergaminhos
Absorvo o tempo compondo meus dilemas
Escritos com penas que choram abafadas
Lagrimas de tinta que descrevem poemas


                                        Alexandre Taissum


.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

SONHOS VAGANTES



Sei que você viaja por um mundo distante
E por lá encontra o ancoradouro perfeito
Algo como: O sossego e a paz anestesiante
Que sorrateiramente lhe transforma o jeito

Sei que se perde nessa viagem contagiante
Na total escuridão da incerteza do direito
Sem nenhuma luz que a guie ou a oriente
No retorno para o aconchego do seu leito

A única luz que ilumina seus olhos brilhantes
É aquela que te leva ao caminho mais estreito
Afunilando seus anseios de mulher inebriante
Provocando gritos que ecoam no âmago do peito

Mas mesmo assim volta, ainda que delirante
Trazendo a pele quente do mundo imperfeito
Bem como a cegueira da escuridão obstante
Porém feliz de ter-se dado ao amor perfeito

Sei que viaja e sei o quanto é importante
Pois pra felicidade, basta que assim seja feito
Entendo que seus sonhos se perdem vagantes
A procura do sonho que seu coração tinha direito

                                                     Alexandre Taissum


.

DIÁLOGO ENTRE POETAS



Dói-me o coração
Sua brutal reação
Diante da condição
De total sofreguidão
Do meu pobre coração
Bem que deveria gratidão
Pelo que demonstrei em ocasião
Em meus sentimentos de muita precisão... 

Alexandre Taissum


Mas eu sinto uma exagerada indecisão...
Pois o amor é algo na imensidão
Que faz enorme revolução
Quando sofre ingratidão
Pois falta a comunhão
Um pouco de doação
Acalento do coração
Para a perfeita união   

Sonia Salim


.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

SUMIRAM E LEVARAM MINHAS INSPIRAÇÕES




Sumiram dos meus dias e noites
Perderam-se noutras imensidões
Notadamente seguiram caminhos
Em busca de novas ambições

Sumiu e perdi abandonado
E hoje me falta sobremaneira
Da fome aos melhores desejos
De furtar o fruto da jujubeira

Sumiu a cegueira do brilho
Não há nada que me respalda
Ou me traga de volta o suspiro
Que poliu o tom verde esmeralda

Sumiram as algemas dos pulsos
Que me prendiam por cautela
Nas grades do coração dividido
Vigiado de longe pela sentinela

Sumiu pelo meridional inverno
Aonde o frio num homem bate
Algumas das serenas frias noites
Sem ter nas cuias a erva-mate

Sumiu no verão dos ventos fortes
Surpreendente jardim de beleza plena
Levando consigo o cheiro da linda flor
E todo o encanto ao redor de Iracema

Sumiu o que jamais pensei que perderia
Junto àquele pedacinho de floresta verde
Contudo se foram o verde e as sombras
Com a cumplicidade da minha vida em rede

Sumiu com as páginas de alguns contos
Recheadas de histórias reveladoras
O punho que descreve sentimentos
Externando o íntimo de uma escritora

Sumiu tão ligeiramente como surgiu
O encanto que muito me fez sonhar
Foram belos raios solares e brilhantes
Com um dourado límpido de invejar

Sumiu também o som das melodias
Que surgiram em versos caucionados
Por canções soadas desde o planalto
Que deveras me fizeram emocionado

Sumiu desse mundo louco em que vivo
E louco também componho essa elite
Na Itaquera da loucura desse mundo
Deixou saudade, a danada que lá existe

Sumiu na forte correnteza ribeirinha
Toda a teimosia da sábia decisão
Ao buscar união com a velha poesia
Mergulhando fundo a minha imaginação

Sumiu e jamais ouvi compassados
Saltos que caminhavam sobre reflexos
Pelo piso encerado que refletia luzes
Do consumo de um coração perplexo

Sumiu a doce e meiga voz dosada
Que chamava meu nome baixinho
Com alucinação do tanto que ouvi
E do tanto que houve de carinho

E por fim, sumiu pela imensidão
O tempo que faltou para as razões
E olhares pela janela de líquido cristal
Que me invadia o íntimo com visões

Então, sumirei à solitária hibernação
Até que a inspiração me encontre perdido
No meio do vazio de todas as desilusões
Recordando meu passado desmedido

                                        Alexandre Taissum


.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

CANTO NOTURNO, DO POVO NAVAJO

Tela de Ana E. G. Granziera

Casa feita de alvorada,
casa feita de luz do entardecer,
casa feita de nuvem escura...
A nuvem escura está na porta
e de nuvem escura é o caminho que aparece
sob o relâmpago que se ergue...
Feliz, possa eu caminhar.
Feliz, com chuvas abundantes, possa caminhar.
Feliz, entre muitas folhas, possa caminhar.
Feliz, pelo rastro do pólen, possa caminhar.
Feliz, possa caminhar.
Que seja belo o que me espera.
Que seja belo o que deixo atrás.
Que seja belo o que está embaixo.
Que seja belo o que está em cima.
Que seja belo tudo que me rodeia em beleza acabe.

                      Ernesto Cardenal
Antologia de poesia primitiva
Pesquisa: Sheila Camargo


.

MENINA TRISTE



Rosto pálido
Olhar perdido
Lábios áridos
Sem um sorriso

O que te aconteceu?
Qual mal te causou?
Por que esmoreceu?
Quem te magoou?

Sei que não vai dizer
É um segredo seu
Prefere assim sofrer
Por aquilo que te doeu

Mas se ainda quiser
Ponho-me a disposição
Entrego-lhe meu ombro
E de novo, meu coração...

            Alexandre Taissum


.