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quinta-feira, 9 de agosto de 2012

SUMIRAM E LEVARAM MINHAS INSPIRAÇÕES




Sumiram dos meus dias e noites
Perderam-se noutras imensidões
Notadamente seguiram caminhos
Em busca de novas ambições

Sumiu e perdi abandonado
E hoje me falta sobremaneira
Da fome aos melhores desejos
De furtar o fruto da jujubeira

Sumiu a cegueira do brilho
Não há nada que me respalda
Ou me traga de volta o suspiro
Que poliu o tom verde esmeralda

Sumiram as algemas dos pulsos
Que me prendiam por cautela
Nas grades do coração dividido
Vigiado de longe pela sentinela

Sumiu pelo meridional inverno
Aonde o frio num homem bate
Algumas das serenas frias noites
Sem ter nas cuias a erva-mate

Sumiu no verão dos ventos fortes
Surpreendente jardim de beleza plena
Levando consigo o cheiro da linda flor
E todo o encanto ao redor de Iracema

Sumiu o que jamais pensei que perderia
Junto àquele pedacinho de floresta verde
Contudo se foram o verde e as sombras
Com a cumplicidade da minha vida em rede

Sumiu com as páginas de alguns contos
Recheadas de histórias reveladoras
O punho que descreve sentimentos
Externando o íntimo de uma escritora

Sumiu tão ligeiramente como surgiu
O encanto que muito me fez sonhar
Foram belos raios solares e brilhantes
Com um dourado límpido de invejar

Sumiu também o som das melodias
Que surgiram em versos caucionados
Por canções soadas desde o planalto
Que deveras me fizeram emocionado

Sumiu desse mundo louco em que vivo
E louco também componho essa elite
Na Itaquera da loucura desse mundo
Deixou saudade, a danada que lá existe

Sumiu na forte correnteza ribeirinha
Toda a teimosia da sábia decisão
Ao buscar união com a velha poesia
Mergulhando fundo a minha imaginação

Sumiu e jamais ouvi compassados
Saltos que caminhavam sobre reflexos
Pelo piso encerado que refletia luzes
Do consumo de um coração perplexo

Sumiu a doce e meiga voz dosada
Que chamava meu nome baixinho
Com alucinação do tanto que ouvi
E do tanto que houve de carinho

E por fim, sumiu pela imensidão
O tempo que faltou para as razões
E olhares pela janela de líquido cristal
Que me invadia o íntimo com visões

Então, sumirei à solitária hibernação
Até que a inspiração me encontre perdido
No meio do vazio de todas as desilusões
Recordando meu passado desmedido

                                        Alexandre Taissum


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4 comentários:

  1. Parabéns, poeta! Reconheci com facilidade as suas inspirações de outrora! Abraços!

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    1. Tenho certeza que sim, minha querida Menina dos Olhos de Boneca.
      Jamais duvidaria da sua perspicácia mineira...
      Um beijão cheio de saudade de você.

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  2. O poeta, Alexandre Taissum, reflete nestas linhas poéticas uma sensação de saudade de um passado cheio de inspirações. Deixa-nos instigados a pensar que as musas surgem e vão embora no decorrer desse ofício de escritor. Há uma riqueza nas descrições à medida que os versos vão sendo construídos. E por fim se recolhe em momentos que poderíamos dizer, de reflexão, e tomada de novas decisões. Momentos esses que todos os que vivem de ilusões precisam ter para renovar a vida.

    Parabéns, lindo poema!

    Abraços!

    Sonia Salim

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    1. Sim, Madrinha Sonia, é mais ou menos por aí...
      Realmente fica mais fácil desenvolver um texto ou compor um poema quando a gente está envolvido diretamente com o personagem real.
      Conto histórias e estórias, portanto, criar um personagem estereotipado é muito mais difícil, pois ele muda suas características no meio da sua retratação e a gente acaba se perdendo, tendo que voltar ao início e estuda-lo a fim de não fugir do que ora fora imaginado, portanto, trabalhar um personagem real não tem outro caminho senão o de retratar a verdade sobre ele ou dos sentimentos nutridos por ele.
      Aguçada percepção a sua, minha querida poeta e autora...
      Obrigado! Beijão!

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