Leiam, reflitam, sonhem, viajem e comentem... Os comentários são importantes para sabermos suas opiniões.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

LOBO SOLITÁRIO


Suas pegadas marcam o solo nu pela trilha estreita,
Os espinhos cortam e fazem sangrar a carne,
Sua respiração corta o ar e o som que se ouve é o do silêncio,
A água é escassa para a garganta seca,
O calor queima na sombra,
O cheiro pútrido indica as quedas pelo caminho,
E os abutres dão as boas vindas.
Ele foge do grupo em busca de não sabe o quê.
Deseja distância do espetáculo circense
Do mundo vazio e sem sentido
Onde as flores são de plástico,
O alimento é recompensa
E a liberdade é uma cela confortável.
Seu coração pulsa acelerado
Ele ignora as placas e continua seguindo
Aí vem o Lobo Solitário.

                                            Daniel Taissum


.

EM PRETO E BRANCO



Andava na rua cinza,
Deparei com um vermelho
Olhei em seus olhos verdes
Mas não tive medo
Cumprimentou-me, sorriso magenta
Respondi, lilás
Voltei a mirar o céu terra-côta
Quando ouvi um ‘Ei, você aí atrás!’ 
Virei-me e vi, esticada, sua mão amarela
‘Tire as luvas laranjas, venha aqui, aperte minha mão’
Voltei e dei-lhe um abraço, de irmão
Forte, com vontade, sem porém nem senão 
E, como numa pintura abstrata num papel,
Meu azul às outras cores se misturavam
De repente, o céu ficou rosa
E uma chuva púrpura desbotou tudo e todos que passavam

                                                        Daniel Taissum


"Um dia, enquanto caminhava na rua, passei por um negro bem simples e o cumprimentei. Ele virou e me chamou. Quando fui até ele, ele me deu um abraço e disse que todo esse negócio de preto e branco era bobagem, apenas cores num papel... Aqui nos EUA, toda a questão racial ainda é muito forte. Uma babaquice... Enfim, escrevi esta poesia".

Daniel Taissum tem 29 anos, é engenheiro e professor, mora em Pittsburgh, PA, Estados Unidos.


.