Sumiram dos meus dias e noites
Perderam-se noutras imensidões
Notadamente seguiram caminhos
Em busca de novas ambições
Sumiu e perdi abandonado
E hoje me falta sobremaneira
Da fome aos melhores desejos
De furtar o fruto da jujubeira
Sumiu a cegueira do brilho
Não há nada que me respalda
Ou me traga de volta o suspiro
Que poliu o tom verde
esmeralda
Sumiram as algemas dos pulsos
Que me prendiam por cautela
Nas grades do coração dividido
Vigiado de longe pela sentinela
Sumiu pelo meridional inverno
Aonde o frio num homem bate
Algumas das serenas frias noites
Sem ter nas cuias a erva-mate
Sumiu no verão dos ventos fortes
Surpreendente jardim de beleza plena
Levando consigo o cheiro da linda flor
E todo o encanto ao redor de Iracema
Sumiu o que jamais pensei que perderia
Junto àquele pedacinho de floresta verde
Contudo se foram o verde e as sombras
Com a cumplicidade da minha vida em rede
Sumiu com as páginas de alguns contos
Recheadas de histórias reveladoras
O punho que descreve sentimentos
Externando o íntimo de uma escritora
Sumiu tão ligeiramente como surgiu
O encanto que muito me fez sonhar
Foram belos raios solares e brilhantes
Com um dourado límpido de invejar
Sumiu também o som das melodias
Que surgiram em versos caucionados
Por canções soadas desde o planalto
Que deveras me fizeram emocionado
Sumiu desse mundo louco em que vivo
E louco também componho essa elite
Na Itaquera da loucura desse mundo
Deixou saudade, a danada que lá existe
Sumiu na forte correnteza ribeirinha
Toda a teimosia da sábia decisão
Ao buscar união com a velha poesia
Mergulhando fundo a minha imaginação
Sumiu e jamais ouvi compassados
Saltos que caminhavam sobre reflexos
Pelo piso encerado que refletia luzes
Do consumo de um coração perplexo
Sumiu a doce e meiga voz dosada
Que chamava meu nome baixinho
Com alucinação do tanto que ouvi
E do tanto que houve de carinho
E por fim, sumiu pela imensidão
O tempo que faltou para as razões
E olhares pela janela de líquido cristal
Que me invadia o íntimo com visões
Então, sumirei à solitária hibernação
Até que a inspiração me encontre perdido
No meio do vazio de todas as desilusões
Recordando meu passado desmedido
Alexandre Taissum
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Parabéns, poeta! Reconheci com facilidade as suas inspirações de outrora! Abraços!
ResponderExcluirTenho certeza que sim, minha querida Menina dos Olhos de Boneca.
ExcluirJamais duvidaria da sua perspicácia mineira...
Um beijão cheio de saudade de você.
O poeta, Alexandre Taissum, reflete nestas linhas poéticas uma sensação de saudade de um passado cheio de inspirações. Deixa-nos instigados a pensar que as musas surgem e vão embora no decorrer desse ofício de escritor. Há uma riqueza nas descrições à medida que os versos vão sendo construídos. E por fim se recolhe em momentos que poderíamos dizer, de reflexão, e tomada de novas decisões. Momentos esses que todos os que vivem de ilusões precisam ter para renovar a vida.
ResponderExcluirParabéns, lindo poema!
Abraços!
Sonia Salim
Sim, Madrinha Sonia, é mais ou menos por aí...
ExcluirRealmente fica mais fácil desenvolver um texto ou compor um poema quando a gente está envolvido diretamente com o personagem real.
Conto histórias e estórias, portanto, criar um personagem estereotipado é muito mais difícil, pois ele muda suas características no meio da sua retratação e a gente acaba se perdendo, tendo que voltar ao início e estuda-lo a fim de não fugir do que ora fora imaginado, portanto, trabalhar um personagem real não tem outro caminho senão o de retratar a verdade sobre ele ou dos sentimentos nutridos por ele.
Aguçada percepção a sua, minha querida poeta e autora...
Obrigado! Beijão!