Vindo da Lusitânia em nau de imigrantes
Viu espumada sobre as águas toda a distância
Deixou misturarem-se a elas, suas lágrimas
Logo que se viu fora da sua pobre infância
Cruzou o Atlântico por longos dias em pranto
Na incerteza se encontraria dias nebulosos
Só sabia do seu destino por contos falaciosos
Relatados por quem vendia sonhos fabulosos
Ao chegar à baía mais famosa das histórias
Encantou-se com formações estampadas ao fundo
Rochas que se deixavam beijar pelas ondas do mar
Pareceram-lhe como a melhor freguesia do mundo
Depois da quarentena, fincou os pés em solo firme
E procurou seu destino a frente do corpo cansado
Distante de seus pais e da quinta que o sustentou
Ergueu-se aqui, como chofer de ilustre abastado
Dentre muitas histórias e aventuras insólitas
Formou família e estendeu entre nós longa idade
Mas sua lembrança jamais saiu daquela Vila Chã
Onde deixou sua outra família envolta na saudade
E jamais tendo voltado a sua terrinha natal
Chorava as lembranças nítidas do que lá viveu
As lágrimas lhe corriam pela face, olhos abaixo
Seguindo trilhas de rugas que o tempo lhe deu
Saiu aos dezessete anos do seio dos seus pais
Deixando-os com os fardos que também foram seus
E depois da longa vida sem apogeu para comemorar
Destinou suas últimas palavras ao neto seu,
Que sou eu...
Alexandre
Taissum
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Este poema é ma-ra-vi-lho-so!!! Sem palavras...
ResponderExcluirParabéns! Sucesso!
Sonia Salim