(de Adélia Prado)
ele virá com a boca e mão incríveis
tocar flauta no jardim.
Estou no começo do meu desespero
e só vejo dois caminhos:
ou viro doida ou santa.
Eu que rejeito e exprobo
o que não for natural como sangue e veias
descubro que estou chorando todo dia,
os cabelos entristecidos,
a pele assaltada de indecisão.
Quando ele vier, porque é certo que vem,
de que modo vou chegar ao balcão sem juventude?
A lua, os gerânios e ele serão os mesmos
- só a mulher entre as coisas envelhece.
De que modo vou abrir a janela, se não for doida?
Como a fecharei, se não for santa?
Adélia Prado
.
Nossa, que lindo! Sem palavras!
ResponderExcluirAdélia Prado é instigante. Suas palavras são tão reais que expõem as vísceras. Louca ou santa? Prefiro santa... Bjs.
ResponderExcluirSim, é melhor ser santa, mas há certos momentos em que precisamos ser louca. É preciso reconhecer a ocasião. Digo isso porque tenho um pouco de cada. rs O que acha, Cris?
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